BSBIOS investe na primeira usina de etanol de grande escala do Rio Grande do Sul

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Localizada em Passo Fundo (RS), a nova unidade processará, quando totalmente instalada, 1.500 toneladas de cereais por dia para produzir 220 milhões de litros de etanol (anidro ou hidratado) e 155 mil de toneladas por ano de farelo para a cadeia de proteína animal

A BSBIOS reforça sua estratégia de ser uma das empresas mais importantes em biocombustíveis ao firmar Protocolo de Intenções com o Estado do Rio Grande do Sul nesta segunda-feira (20/06), em Porto Alegre. O documento estabelece ações articuladas para viabilizar o investimento de R$ 316 milhões na primeira fase de implantação de unidade de usina produtora de etanol e farelos a partir do processamento de cereais (milho, trigo, triticale, arroz, sorgo, dentre outros).

“O Rio Grande do Sul é um estado importador de etanol e nós, que estamos na cadeia produtiva, com esse investimento, vamos ampliar nossa capacidade de produção de biocombustíveis aqui na Região Sul, aderindo ao Pró-Etanol”, destaca Erasmo Carlos Battistella, presidente da BSBIOS. Atualmente o estado importa 99% de sua demanda de etanol e a nova fábrica, a partir de 2027, vai suprir 23% dessa necessidade.

“A iniciativa vai representar um incremento na oferta de farelo para as cadeias produtivas de proteínas animais, além de promover investimento em desenvolvimento de tecnologia genética para produção de trigo específico para produção de etanol e de ser uma oportunidade viável de renda para o agricultor com a cultura de cereais de inverno”, disse Battistella.

"A questão da energia renovável dialoga, sem dúvida nenhuma, com o que nós pensamos em termos do que queremos ter aqui no Rio Grande do Sul. Temos um imenso potencial para a produção de etanol - a demanda interna chega a 1 bilhão de litros por ano”, disse Ranolfo Vieira Júnior, Governador de Estado, durante o evento de assinatura do protocolo. “O governo vem consolidando seu compromisso para a expansão da produção. Iniciativas como a de hoje, firmada por meio deste Protocolo de Intenções com a BSBIOS, são essenciais para que este espaço possa ser aproveitado. Com essa política de estado (Pró-Etanol), construída para ultrapassar governos, buscamos a autossuficiência da produção de etanol. o que vai fomentar toda uma cadeia de produtores, armazenadores e distribuidores gerando emprego, arrecadação e desenvolvimento", completou em seu discurso.

Os investimentos serão realizados no segundo trimestre de 2023, com previsão de início das operações no segundo semestre de 2024. Além do Governador de Estado, estiveram no evento o Secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Joel Maraschin, Subsecretário da Receita Estadual, Ricardo Neves Pereira, e o Presidente do Conselho de Administração da BSBIOS, Francisco Turra.

O Protocolo estabelece tratamentos tributários em relação ao ICMS para aquisições de fornecedores localizados no Rio Grande do Sul de máquinas e equipamentos industriais e importações do exterior de máquinas e equipamentos industriais. A partir de agora, a empresa avança para finalizar todos os estudos necessários, projetos de engenharia e a estrutura de financiamento para que a planta comece a operar na safra de trigo de 2024.

Nos próximos dias, também será assinado um Protocolo de Intenções com a Prefeitura de Passo Fundo.

Pró-Etanol

A iniciativa da BSBIOS estará no contexto da Política Estadual de Estímulo à Produção de Etanol (PL 292/20), que criou o Programa Estadual de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Etanol (Pró-Etanol). Seu objetivo é reduzir a dependência do Rio Grande do Sul do etanol de outras regiões do país. Isso permitirá à organização aderir ao Fundo Operação Empresa do Estado do Rio Grande do Sul (FUNDOPEM) e ao Programa de Harmonização do Desenvolvimento Industrial do Rio Grande do Sul (INTEGRAR).

Prevista para operar em duas fases, com processamento de 750 toneladas/dia de cereais em 2024 e de 1.500 toneladas/dia, em 2027, o projeto totaliza um investimento de R$ 556 milhões no período. O empreendimento deve representar um incremento de R$ 1,3 bilhão em faturamento anual para o ECB Group, e vai gerar 143 novos empregos diretos e aproximadamente 1.000 indiretos.

A usina será flexível para a produção de etanol anidro (que pode ser adicionado na gasolina) ou hidratado (consumo direto) terá capacidade de 111 milhões de litros em sua primeira fase e, atingirá 220 milhões de litros, dobrando sua capacidade, quando totalmente instalada. Ela estará localizada na cidade de Passo Fundo, na BR 285, Km 316.

A unidade contará com autoprodução de energia elétrica com cogeração à biomassa e a oferta de energia excedente será disponibilizada na rede de distribuição do município. Não haverá lançamento de efluentes líquidos, que serão utilizados para produção de vapor no processo de produção.

Cadeia de Proteína Animal

A BSBIOS vai oferecer também ao mercado o farelo oriundo da produção do etanol. Conhecido como DDGS (Distiller's Dried Grains with Solubles) ou Grãos Secos de Destilaria com Solúveis (em português), obtido imediatamente após o processo fermentativo de produção de etanol, é um importante coproduto do processo de fermentação de grãos, com grande potencial de utilização para produção de rações animais destinadas à cadeia de produção de alimentos. Serão produzidos 155 mil de toneladas por ano de farelo para a cadeia de proteína animal na segunda fase do projeto.

Matéria-prima

Como a região tem baixa condição para usar a cana-de-açúcar como matéria-prima, a nova fábrica vai processar 260 mil de toneladas por ano de cereais para produção de etanol e farelo. O Rio Grande do Sul e o Paraná dividem a liderança da produção de grãos e a indústria de etanol vai ampliar as culturas de inverno.

“Dentro do contexto do Pró-Etanol, esta iniciativa vai aproveitar melhor as áreas produtivas do estado, aumentar a liquidez para os cultivos de inverno, fortalecendo nossa economia”, analisou Giovani Faé, Chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa-Trigo (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), com quem a BSBIOS criou uma parceria para produção de novos materiais.  “Hoje nós já temos no portfólio de trigo e triticale (cereal de inverno utilizado na alimentação animal) com concentrações extremamente interessantes de amido para produção de etanol. Além disso, desenvolveremos ações de fomento junto aos atores da cadeia para estimular a produção de cereal de inverno como uma alternativa viável de renda”, completou Faé.

Melhoramento genético

Outra parceria da BSBIOS se dará com a Biotrigo Genética, empresa líder de melhoramento genético do trigo na América Latina. A empresa está trabalhando no desenvolvimento genético de duas cultivares de trigo exclusivas para produção de etanol. As variedades, por possuírem elevados níveis de amido, são ideais para a produção do biocombustível.

Para o diretor e melhorista da Biotrigo Genética, André Cunha Rosa, a parceria firmada com a BSBIOS é um importante marco para a empresa, para a cultura do trigo e para o agronegócio brasileiro. “A Biotrigo ganha mais mercado para trigo, a BSBIOS ganha trigos aptos às suas necessidades e o produtor ganha excelentes cultivares a campo e mais uma oportunidade para vender sua produção”, afirma.

André explica que as cultivares de trigo licenciadas à BSBIOS são resultado de pesquisas desenvolvidas desde 2015 dentro do programa de melhoramento genético da Biotrigo, tendo como premissas características importantes para a produção de etanol, como também para produção de DDG (sigla em inglês para grãos secos de destilaria), importante aliado na alimentação animal.

“Para produção de etanol é essencial que as cultivares se destaquem pelo elevado PH, bons níveis de amido, e alta produtividade. Já para a produção do coproduto do etanol, chamado de DDG, agregamos ainda na genética dos materiais, uma melhor resistência genética à giberela em comparação à outras cultivares e, especialmente, outros cereais de inverno”, explica Cunha Rosa. As cultivares entrarão no mercado a partir de 2024 e neste ano, várias vitrines técnicas demonstrarão as cultivares de trigo específicas para produção de etanol.